Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu.
Chico Buarque até devia estar certo,
Mas tenho memória curta...
Agora, não me lembro desses
Nem do que comi no almoço
(Ah, lembro: não almocei!)
Tem dias que a gente se sente
Como quem chegou e vive
E, vivendo, procura uma estrada
Estrada entre cidades
A de hoje, a de amanhã
Estrada entre dias,
O de hoje, o de amanhã
Estrada entre realidades
Tem dias que a gente se sente no outro
Em que a solidão é quase exilada do dicionário
Mas não o é por empatia
Em que a tal estrada
(apesar das placas me dizerem o contrário)
Nem parece tão longa assim!
Em que o mundo gira e as folhas caem
Com mais alegria, não sei por quê.
Tem dias que a gente sente
Que querer abraçar o mundo não é uma coisa ruim
Afinal, que fazer com o mundo, senão abraçá-lo?
Porque do jeito que tá
Pára o mundo, que eu quero abraçar.