Subi as escadas. Ônibus quase vazio, cumprimento o motorista.
"Oh, e essa viola aí?"
Se referia ao violão que trazia comigo. Estendendo as mãos na minha direção, vi que a viagem podia esperar um pouco. Entrego o instrumento; ele, o sorriso que coloquei em meu rosto.
"Fabinho, se liga aí!"
Fabinho era um jovem complexo e que carregava consigo uma história única, anseios e contradições. Apesar disso, quase sempre era conhecido apenas como "Trocador".
O músico, que há pouco era motorista (e em pouco tempo voltaria a sê-lo), toca famigerada introdução de uma música. Um clássico do rock, Deep Purple. Seis acordes depois, me devolve o violão.
"Curtiu?" Abrir mão da pressa para relembrar que a felicidade é estar presente em cada momento; que nossa passagem por aqui é demasiado rápida para que deixemos sorrisos não sorridos pelo caminho? Sim, curti. Fabinho também curtiu. Ônibus que segue.